O estudante Edson Luís de Lima Souto nasceu em Belém do Pará, em 24 de fevereiro de 1950, e morreu no Rio de Janeiro, em 28 de março de 1968, assassinado pela Polícia Militar durante uma manifestação estudantil no Restaurante Calabouço, no centro da cidade.
Edson Luís foi a primeira vítima da Ditadura Militar nas mobilizações estudantis contra o regime em 1968. De origem pobre, iniciou seus estudos na Escola Estadual Augusto Meira, em Belém, e mudou-se para o Rio para fazer o segundo grau no Instituto Cooperativo de Ensino, que funcionava no restaurante Calabouço.
Na sexta-feira, 28 de março de 1968, os estudantes estavam organizando uma passeata relâmpago para protestar contra a alta do preço da comida no restaurante, o que deveria acontecer no final da tarde do mesmo dia. Por volta das seis da tarde, a Polícia Militar chegou ao local e dispersou os estudantes que estavam na frente do restaurante estudantil. Os estudantes se refugiaram no interior do restaurante e responderam à violência policial com paus e pedras. A reação dos estudantes obrigou os policiais a recuar, deixando a rua deserta. Mas os políciais retornaram em seguida e tiros foram disparados do Edifício da Legião Brasileira de Assistência, provocando pânico entre os manifestantes, que fugiram.
Os policiais invadiram o restaurante e, nesta ocasião, comandante da tropa da PM, aspirante Aloísio Raposo, atirou e matou o secundarista Edson Luís, alvejando-o com um disparo de arma de fogo a queima roupa na região toráxica. Outro estudante, Benedito Frazão Dutra, também ferido a bala, foi levado para o hospital, mas não resistiu ao ferimento e morreu.
Os estudantes conseguiram resgatar o corpo de Edson Luís, o estudante assassinado, e o carregaram em passeata pelo centro do Rio até as escadarias da então Assembléia Legislativa, na Cinelândia (atual prédio da Cãmara Municipal), onde foi velado. A necrópsia foi feita no próprio local pelos médicos Nilo Ramos de Assis e Ivan Nogueira Bastos, sob o cerco da Polícia Militar e de agentes do DOPS.
Do velório até a missa na Igreja da Candelária, em 2 de abril, foram mobilizados protestos em todo o país.
Em São Paulo, quatro mil estudantes fizeram uma manifestação na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Também foram realizadas manifestações no Centro Acadêmico XI de Agosto, da Faculdade do Largo de São Francisco, na Escola Politécnica da USP e na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
No Rio de Janeiro, a cidade parou no dia do enterro. Para expressar seu protesto, os cinemas da Cinelândia amanheceram anunciando três filmes: "A noite dos Generais", "À queima roupa" e "Coração de Luto". Com faixas, cartazes e palavras-de-ordem, a população protestava: "Bala mata fome?", "Os velhos no poder, os jovens no caixão", "Mataram um estudante. E se fosse seu filho?" e "PM = Pode Matar". Edson Luis foi enterrado ao som do Hino Nacional brasileiro, cantado pela multidão.
Na manhã de 4 de abril, foi realizada a missa de sétimo dia de Edson Luís na Igreja da Candelária. Ao término da cerimônia religiosa, as pessoas que deixavam a igreja foram cercadas e atacadas pela cavalaria da Polícia Militar a golpes de sabre. Dezenas de pessoas ficaram feridas.
Outra missa seria realizada na noite do mesmo dia. O governo militar a proibira, mas o vigário-geral do Rio de Janeiro, D. Castro Pinto, a realizou assim mesmo. Cerca de seiscentas pessoas compareceram.
Temendo a repetição do massacre ocorrido pela manhã, os sacerdotes pediram que ninguém saísse da igreja. Do lado de fora havia três fileiras da cavalaria da PM, com os sabres desembainhados, e mais atrás estavam o Corpo de Fuzileiros Navais e agentes do DOPS.
Num ato de coragem, os clérigos saíram à frente, de mãos dadas, fazendo um "corredor" da porta da igreja até a avenida Rio Branco, para que todos os que estavam na igreja pudessam sair com segurança. A cavalaria da PM aguardou que todos saíssem para os encurralar nas ruas mais adiante. Novamente o saldo foi de dezenas de pessoas feridas.
Em 28 de março de 2008, quarenta anos depois, uma estátua foi inaugurada na Praça Ana Amélia, esquina da Avenida Churchill com a Rua Santa Luzia, em homenagem ao mártir Edson Luís.
Desde o início da Ditadura Militar em 1964, o Movimento Estudantil (ME) tornou-se a principal força de oposição. No final de 67 e nos primeiros meses de 68, várias manifestações pelo Brasil foram reprimidas com violência. O Movimento manifestava-se não apenas contra a ditadura, mas também à política educacional do governo, que revelava uma tendência à privatização. Esse processo tinha um duplo significado: o estabelecimento do ensino pago, principalmente no nível superior; e direcionamento da formação educacional dos jovens para o atendimento das necessidades econômicas das empresas capitalistas (mão-de-obra especializada).
Prisões e arbitrariedades eram as marcas da ação do governo em relação aos protestos dos estudantes. Essas agressões à liberdade atingiram seu apogeu no dia 28 de março de 68 com a repressão policial utilizada para desalojar dezenas de estudantes que estavam no Restaurante Universitário "Calabouço" no Rio de Janeiro, protestando contra as péssimas condições do ensino brasileiro. Nesta ocasião foi morto o estudante Edson Luís Lima Souto, de 17 anos.
O assassinato – que comoveu e revoltou todo o País – serviu para acirrar ainda mais os ânimos e fortalecer a luta pelas liberdades. Durante o velório do estudante, o confronto com policiais ocorreu em várias partes do Rio de Janeiro. Nos dias seguintes, manifestações sucediam-se no centro da cidade, com repressão crescente, até culminar na missa da Candelária (02/04/68), em que soldados a cavalo investiram contra estudantes, padres, repórteres e populares.
No dia 26 de junho de 68, cerca de cem mil pessoas ocuparam as ruas do centro do Rio de Janeiro e realizaram o mais importante protesto contra a Ditadura Militar até então. A manifestação, iniciada a partir de um ato político na Cinelândia, pretendia cobrar uma postura do governo frente aos problemas estudantis e, ao mesmo tempo, refletia o descontentamento crescente com a situação do Brasil. Dela participaram também intelectuais, artistas, padres e um grande número de mães.
Muitos foram os que, como Edson Luís, morreram na luta contra a ditadura e por um Brasil livre, onde o povo fosse dono de seu destino. Ou seja, onde o povo fosse poder – o poder popular! A Passeata dos Cem Mil foi um dos momentos mais importantes da luta de massas contra a ditadura.
A morte de Edson Luís não foi o único fato motivador da manifestação dos Cem Mil, mas “a gota d’água que fez o copo transbordar”. Para a Juventude do Campo e da Cidade Metropolitana em Ananindeua (JOCC), relembrar os 43 anos da morte de Edson Luís significa refletir sobre a importância da participação popular, sobretudo, a participação da juventude nas transformações sociais do nosso país. Comemorar os 43 anos da Passeata dos Cem Mil é homenagear não só Edson Luís, mas todos(as) brasileiros(as) que deram aquilo que tinham de mais importante por esta transformação: suas vidas. Temos certeza que os sonhos revolucionários nunca vão morrer!
E para nos que moramos em Ananindeua e, estamos enfrentando aos Barbalho$ com sua truculência no Transporte público. Que é esse (PI) que de inteligente não tem nada.
Viva Edson Luis ! Viva A Juventude de Ananindeua!