quinta-feira, 17 de março de 2011
Lugar de mulher é Pista de Corrida!
Quando criança, Ana Beatriz Figueiredo sonhava em ser pilota. Tinha certeza de que um dia correria na Fórmula Indy ou na Fórmula 1. O sonho tornou-se realidade. Mas como ela mesma reconhece, “não tinha a menor noção do quão difícil seria o caminho até aqui”.
Atualmente, Bia, aos 25 anos, é pilota da Fórmula Indy pela equipe Ipiranga Dreyer & Reinbold Racing. Uma conquista e tanto para quem começou aos oito anos pilotando um kart cor de rosa nas pistas de Interlagos, em São Paulo.
Ela correu de kart de 1994 até 2003, quando estreou no campeonato brasileiro de Fórmula Renault categoria-escola. Disputada em vários países, Bia venceu três provas em 2005. Partiu então para a Fórmula 3 Sul-Americana, tornando-se a única mulher a conquistar uma pole position na classe principal dessa categoria.
Em 2007, foi para a Inglaterra e treinou na Fórmula Renault e Fórmula 3 e, nos Estados Unidos, treinou na Firestone Indy Lights, equipe pela qual passou a correr em 2008. No ano passado, ingressou na Fórmula Indy.
P - De onde veio o seu interesse pelas pistas?
Beatriz Figueiredo - Começou quando eu era ainda muito menina. Adorava assistir corridas pela TV e brincar ao volante do carro do meu pai. Aos cinco anos, assisti a uma corrida de kart e me apaixonei.
P - Alguém da sua família também corre?
Bia Figueiredo - Meu primo de segundo grau, o Danilo Dirani, que agora está na Fórmula Truck.
P - Quando você começou no kart, fazia ideia de onde chegaria?
Bia Figueiredo - Quando eu era criança, acreditava que ia chegar à Fórmula Indy ou à Fórmula 1 facilmente. Era um sonho, não tinha a menor noção do quão difícil seria esse caminho.
P - Você teve o apoio de sua família?
Bia Figueiredo - Todos sempre me apoiaram. Hoje eles ficam na torcida, já que não participam de nenhuma negociação empresarial. Quando minha mãe soube do primeiro treino que fiz, ela ficou assustada, mas mesmo assim me apoiou.
P - Você enfrentou algum tipo de preconceito no início da carreira? E agora?
Bia Figueiredo - Muito. Eu era a única menina no meio de centenas de garotos. Era sempre jogada para fora da pista. Com o tempo fui ganhando o respeito deles. Tive que ser um pouco agressiva para conquistar meu espaço. Comecei a revidar batidas, depois a ganhar corridas e campeonatos. Aí fui ganhando respeito. Hoje em dia é mais fácil, é raro acontecer algo do tipo.
P - Como é seu relacionamento com pilotos e mecânicos em um ambiente tipicamente masculino?
Bia Figueiredo - Tenho um ótimo relacionamento com pilotos e com todas as pessoas envolvidas no automobilismo. São na maioria homens, mas eles já aprenderam como lidar comigo.
P - Já ouviu muita piada pelo fato de ser mulher?
Bia Figueiredo - Sempre ouço piadas. Se eu rodo ou bato, é porque sou mulher. Se eu venço uma corrida, é porque os homens são muito ruins. É como se tivesse que provar duas vezes que sou capaz.
P - Ser pilota interfere na sua vida pessoal?
Bia Figueiredo - Acaba interferindo. É um esporte que precisa de 100% de foco e você tem que estar disponível a todo o momento, pois há muito trabalho além da pista. Por isso, não tenho muito tempo para sair, viajar e nunca posso me programar para nada. Mas, quando tenho um tempinho livre, gosto de ficar com a minha família, amigos ou de viajar.
P - Quais são seus planos para o futuro?
Bia Figueiredo - Meu objetivo é me estabilizar na Fórmula Indy, vencer corridas e disputar os títulos dos campeonatos, além, é claro, de vencer nas 500 Milhas de Indianápolis.
P - O que você diria para uma garota que quer tornar-se pilota ou se aventurar nas chamadas “profissões de meninos”?
Bia Figueiredo - Hoje em dia lugar de mulher é onde ela quiser. Basta trabalhar bastante e nunca desistir.
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