Galera será que o Vereador de Ananindeua Miro Sanova está de "luto"?
Leopoldo Vieira
Como jovem militante, acredito que a realização do plebiscito sobre a divisão do estado do Pará, dia 11 de dezembro, é resultado do fracasso de algumas gerações tanto em governar para integrar efetivamente o estado em matéria da universalização e qualidade dos serviços públicos e infra-estrutura, quanto das que se organizaram ao longo de décadas lutando por essa integração.
Nessa polêmica, as coisas residem mais em como os recursos são investidos, quais as prioridades e quem e como elas são definidas. A partir disso, pode-se dizer que certas áreas de Belém (capital paraense) são mais privilegiadas do que outras. É uma dinâmica de visão política, de para quem se governa. Dividir por dividir não resolve nada, porque se for mantida a tendência predominante da política do que se propõe a ser Carajás, Tapajós e o “Parazinho”, seguiremos tendo graves problemas de desigualdade social e falta de acesso aos bens culturais e serviços públicos. Manter como está sem alterar essa hegemonia, manterá o status quo tal como o temos hoje.
Penso que a discussão é mais de fundo, de como, por exemplo, transformar os rios do Tapajós em molas propulsoras da economia local ou como promover uma revolução industrial no Pará, em moldes adequados à região amazônica, a partir das riquezas do subsolo do Carajás. Precisamos de uma virada de mesa que inclua o povo de todas as regiões parauaras na decisão dos investimentos públicos e que ofereça a ele como "bolo ser repartido" todo o potencial energético, do subsolo, da biodiversidade que o Pará de hoje possui e termina nas contas de poucos grupos econömicos e familiares presentes em outras regiões, países e inclusive dentro das regiões que hoje são paraenses.
A juventude, seja a ativista ou não, só não pode cair na armadilha de ser massa de manobra de quem quer manter tudo como está para não perder dedos e anéis e nem de quem quer eliminar os “atravessadores” empresariais e políticos em busca de domínio pleno do poder em suas respectivas regionalidades.
De modo geral, estamos forjando uma nova geração política para o Pará. Ela terá que se posicionar dia 11 a respeito da divisão e há duas saídas. Uma, mais pragmática, que é o jovem do Carajás ou Tapajós constatarem que tem menos acesso à chance de realizar seus sonhos e projetos de vida dos que os de Belém e, por isso, apostarem na divisão. Outra, mais idealista, é se propor a ser uma geração para transformar o Pará e transformar em realidade o que as gerações anteriores fracassaram em fazer e ir mais além no debate sobre nosso modelo de desenvolvimento, que deve ser colocado de cabeça para baixo, pois o que sempre vigiu não serviu. Eu aposto nessa segunda opção, com todo respeito aos sonhos legítimos dos jovens que se engajam pelo "sim!”
Leopoldo Vieira foi Assessor de Juventude da Casa Civil do Governo do Pará.
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