terça-feira, 4 de maio de 2010

“A Burguesia fede”



“Enquanto houver burguesia
Não vai haver poesia”
Denúncia mostra que universitárias de classe alta recebem bolsa do ProUni
Segunda-feira, 03 de Maio de 2010
Três universitárias de classe média alta do Paraná, alunas de uma instituição particular, a Universidade de Maringá (Uningá), têm bolsas do ProUni, programa do governo federal destinado a estudantes carentes. A mensalidade do curso é de R$ 3.200,00, mas as três não pagam nada graças ao benefício.
A denúncia foi apresentada ontem à noite pelo Fantástico, da Rede Globo, que investigou o assunto por duas semanas e classificou a situação como “um escândalo”. Segundo a reportagem as três estudantes têm carro e, além de não pagar nada para estudar, recebem auxílio de R$ 300,00 por mês do ProUni.
A reportagem foi feita pela jornalista Renata Cafardo. Além de morarem em casas consideradas confortáveis, as famílias também têm carros, alguns avaliados em mais de R$ 50 mil. As estudantes são Belisa Stival, Camila Colombari Medeiros e Milena Lacerda Colombari, que cursam o quarto ano de Medicina e, coincidentemente, têm parentes na direção da Uningá, que possui cerca de 7 mil alunos. Belisa é filha de Ney Stival, o diretor de ensino da Uningá. Camila é filha de Vânea Colombari, coordenadora de cursos profissionalizantes. Já Milena é sobrinha de Vânea.
A reportagem do Fantástico mostrou que, segundo o MEC, Milena Colombari começou a receber bolsa integral do ProUni em 2005, quando fazia Biomedicina na Uningá. Em 2008, mudou para Medicina e continuou estudando de graça. Ela mora com os pais e o irmão numa casa com piscina. “O pai dela é dono de um bufê, inaugurado em outubro do ano passado. Para uma festa de quatro horas com 200 convidados, o bufê cobra R$ 7 mil, valor suficiente para pagar com sobras dois meses de faculdade de Milena”, diz trecho da reportagem.

“A burguesia quer ficar rica
A burguesia só olha pra si
A burguesia é a direita, é a guerra”

Em entrevista, Milena acha justo receber a bolsa integral do ProUni. “Esse ano até a gente passou por certas dificuldades. Nem viagem pra praia a gente não foi. Antes era comum de ir”, diz Milena.
Outra estudante é Camila Colombari Medeiros. Ela mora num sobrado com a mãe e uma irmã. Segundo o MEC, ela começou a receber bolsa em 2008. A reportagem encontrou Camila indo para a faculdade num carro que, se fosse novo, custaria R$ 40 mil. A justificativa dela é que o veículo foi um presente do pai.
O Fantástico mostrou que Belisa Stival, que desde 2008 também estuda sem pagar nada, geralmente anda de carro popular. Mas o pai circula num automóvel novo, avaliado em R$ 50 mil. A família, de quatro pessoas, mora numa casa de dois andares. Segundo a estudante a bolsa foi conseguida porque ela era bolsista de escola particular.

Um comentário:

  1. Nota de repúdio contra caso Uningá



    UNE critica bolsas do ProUni concedidas a estudantes classe média alta no PR


    A UNE repudia o ocorrido na Uningá (universidade particular do Paraná) e espera rigorosa apuração dos fatos e a responsabilização das estudantes e instituição envolvidas no caso da reportagem-denúncia veiculada pela TV Globo no domingo, 2 de maio. Jornalistas investigaram e descobriram que três estudantes de classe média alta foram beneficiadas com bolsa do ProUni - o Programa Universidade para Todos do governo federal , voltada a alunos de baixa renda.

    Este caso reforça nossa reivindicação de implementação das Comissões Permanentes de Avaliação (CPAs), compostas por estudantes professores e representantes das IES, entendendo que só a CPA terá a capacidade de acompanhar a implementação do programa no seu cotidiano. Também dissemos, faz bastante tempo, da necessidade que se estimule a criação da CPA em todas as instituições, evitando a ocorrência de tais “fraudes”.

    Não queremos que esse tipo de denúncia contamine o valor e a importância do ProUni e prejudique o acesso de outros estudantes realmente necessitados. A UNE sai em defesa do ProUni porque “é um programa que colocou dentro da universidade mais de 400 mil brasileiros. Muitas vezes, são brasileiros que são o primeiro da família a ter ensino superior”, afirma Augusto Chagas, presidente da UNE. O programa populariza a universidade, por isso defendemos a ampliação dele.




    Saiba mais sobre o caso:



    Universitárias de classe média alta ganham bolsa do ProUni

    Três estudantes de Maringá, no Paraná, levam vida confortável e estudam com dinheiro público

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